Família: por uma construção na compreensão e no diálogo


O mistério divino da Encarnação do Verbo está, pois, em estreita relação com a família humana. Não apenas com uma — a de Nazaré —, mas de certo forma com cada família, analogamente a quanto afirma o Concílio Vaticano II do Filho de Deus que, na encarnação, «Se uniu de certo modo com cada homem» (5). Seguindo a Cristo que «veio» ao mundo «para servir» (Mt20, 28), a Igreja considera o serviço à família uma das suas obrigações essenciais. Neste sentido, tanto o homem como a família constituem a via da Igreja[1].

Jesus nasceu numa família! Jesus teve um pai (José) e uma Mãe (Maria). Nosso Senhor passou pelo mesmo processo de educação, de crescimento, de obediência aos pais e de escuta a Palavra de Deus, como vemos em São Lucas: “E crescia Jesus em sabedoria, estatura e graça para com Deus e os homens” (Lc 2, 52). Todos os parâmetros com os quais as crianças e jovens necessitam para o desenvolvimento devem, por primeiro, serem dispensados pelos pais: “Quando uma criança nasce através do relacionamento dos seus pais começa a fazer parte de uma tradição familiar, que tem raízes muito mais antigas. Com o dom da vida recebe todo um patrimônio de experiência. A este respeito, os pais têm o direito e o dever inalienável de o transmitir aos filhos: educá-los no descobrimento da sua identidade, introduzi-los na vida social, na prática responsável da sua liberdade moral e da sua capacidade de amar através da experiência de serem amados e, sobretudo, no encontro com Deus. Os filhos crescem e maturam humanamente na medida em que acolhem com confiança esse patrimônio e essa educação que vão assumindo progressivamente[2].

Os pais, pelo sacramento do Batismo e também pelo Matrimônio, possuem a benção Divina para educar os seus filhos na escuta da palavra de Deus e na vivência das virtudes (Fé, Esperança e Caridade). Assim, novamente se afirma que “a família é, portanto, a primeira escola das virtudes sociais de que as sociedades têm necessidade” [3].

Hoje, mais do que nunca, se exige de nossos filhos uma vida desregrada da parte da sociedade e isso gera na relação com os pais no que diz respeito a educação. Muitas realidades que não contribuem para o desenvolvimento humano em sua totalidade – corpo, psiquismo e espírito – entorpecem a mente de nossas crianças e jovens. Diante de um mundo plural surge o seguinte pergunta: qual a educação a dar aos nossos filhos?

Tal pergunta surgiu no encontro com os pais dos crismandos (turma da Marta) da Paróquia de Santa Efigência. No colóquio entre eles concluiu-se o seguinte: “a escola segue uma linha de orientação, a sociedade segue outra e, por fim, a Igreja segue outra totalmente diferente”. É verdade que ambas possuem um papel fundamental na educação dos nossos filhos: a Escola num nível intelectual, a sociedade num nível humano e a Igreja num nível espiritual. Porém, Como conciliar todas as orientações?

Pois bem, ao aprofundarmos na etimologia da palavra educação que foi dicionarizada em português no século XVII, viu-se sua raiz latina educatio, sinônimo de ação de criar ou de nutrir, cultura, cultivo. Assim, a educação é o nutrir, o cultivar de coisas boa na vida de nossas crianças e jovens. Só poderemos construir uma cultura de vida e uma família coerente, quando percebermos a necessidade da compreensão e do diálogo! Uma compreensão ditatorial, mas dialógica entre pai e filho.  

No fim do encontro, os pais e os filhos trocaram cartas entre ambos, isto é, os pais escreveram para os filhos e os filhos para os pais. Esse profundo ato simbólico de troca de cartas marcou o encontro que denominamos: Início de uma nova caminhada familiar. Os desafios são muitos, mas o amor que permeia a relação filial superá-los-á.

0 comentários:

Postar um comentário

MAIS

Artigos

Visualizações