Na
manhã do dia 27 de junho, o povo da paróquia de Santa Efigênia foi surpreendido
com a alegre e jubilosa notícia da nomeação do seu pároco, Pe. José Eudes
Campos do Nascimento, como novo Bispo da Diocese de Leopoldina. A notícia foi
divulgada pelo Sr. Arcebispo de Mariana, Dom Geraldo Lyrio Rocha, durante a
celebração da Eucaristia presidida por ele, na capela do Pe. Faria, às 7h00.
Um
misto de alegria e tristeza tomou conta do coração dos paroquianos. Alegria e
orgulho pelo Papa Bento XVI ter escolhido o pároco da Paróquia mais jovem de
Ouro Preto como sucessor dos apóstolos; tristeza porque a paróquia perderá o
seu grande e zeloso pároco, após três anos de serviços prestados.
Quem é o Monsenhor José Eudes Campos do
Nascimento?
OBS: Do dia da eleição até o dia da
sagração episcopal, o padre é chamado de Monsenhor
Pe.
José Eudes Campos do Nascimento, nasceu em Barbacena, no dia 30 de abril de 1966.
O parto foi realizado pela parteira dona
Quiquina e aconteceu na própria residência da família. É o 7º filho do casal
Sr. João Batista do Nascimento e Dona Virgínia Campos do Nascimento. Naquela
ocasião, seu pai trabalhava vendendo bananas na cidade de Barbacena e sua mãe
era servente de escola e lavadeira. Começou seus estudos no pré Elias Salgado e
logo depois fez a alfabetização na Escola Estadual Pe. Sinfrônio de Castro; ingressou
no ensino fundamental e na Escola Polivalente. Em casa, quando ainda criança,
cantava as músicas religiosas com entusiasmo e brincava de celebrar missa com
os irmãos, colocando o lençol branco nas costas para servir de túnica. No
período em que estudava na escola Polivalente, a partir de uma palestra feita
pelo Pe. Paulo Dionê, sentiu-se ainda mais motivado à vida sacerdotal e
imediatamente revelou aos seus pais o desejo de entrar para o seminário. Dona
Virgínia e Sr. João encaminharam o adolescente José Eudes para uma conversa com
pe. Alvim Barroso, que naquela época era pároco da paróquia de Nossa Senhora da
Piedade, em Barbacena. Durante a conversa Pe. Alvim persuadiu o jovem menino a
entrar para a Congregação de São João Bosco, os salesianos e assim, aconteceu.
Após o estágio vocacional foi aprovado e encaminhado para Cachoeira do Campo,
local onde fez o aspirantado durante um ano. Terminada esta etapa foi
encaminhado para a casa dos salesianos em Pará de Minas, onde permaneceu
durante três anos, até concluir o curso científico. Fez ainda um ano de
filosofia em São João Del Rei, ligado à congregação de Dom Bosco. Foi com tempo
percebendo que a sua vocação não era para a vida religiosa e resolveu
transferir-se para a Arquidiocese de Mariana. Fez o restante do curso de
filosofia em BH, no Instituto Santo Tomás de Aquino (ISTA), morando com o Pe.
Jorge Vidrick, sacerdote polonês. Terminado o curso de filosofia, foi para o
Seminário São José da Arquidiocese de Mariana onde fez o curso de Teologia.
Segundo
Dona Virgínia, o menino José Eudes sempre foi muito trabalhador. Desde o
período em que habitava ainda com sua família em Barbacena, já trabalhava na
casa das suas professoras, se dispondo a fazer qualquer serviço. Com o pequeno salário
que recebia, ajudava em casa, comprava roupas e materiais escolares. No período em que já se encontrava no
seminário, durante suas férias, além de participar das atividades eclesiais em
Barbacena, trabalhava temporariamente na loja “Bota de ouro”, para arrecadar um
recursos para suas despesas no seminário. Grande batalhador o vocacionado José
Eudes.
No
período em que o jovem José Eudes estudou no seminário dos Salesianos, a vida
não era fácil para a família. Dona Virgínia e Sr. João, naquela ocasião, tinham
que sustentar oito filhos legítimos e mais três filhos adotivos. Tanto ela
quanto o Sr. João tiveram que trabalhar muito para dar o sustento aos filhos
ainda novos. Além disso, existiam as exigências financeiras para se estudar no
seminário. Diante desta situação, o seminarista Eudes contou com a ajuda de
vários benfeitores. No parecer de Dona Virgínia, duas pessoas foram de fundamental
importância nesta prática de benfeitoria: a Dona Vanilda, esposa do diácono
Prado, e dona Aparecida do Ildeu, ambas residentes em Barbacena.
Cursando
ainda o último ano de teologia, Pe. José
Eudes foi ordenado diácono dia 15 de agosto, em frente ao seminário de
Teologia, juntamente com os seus colegas de turma: Geraldo Luzia, Lauro Sérgio
Versiani, Daniel e Magno Murta. Porém, dois meses antes de sua ordenação, o
quase diácono José Eudes foi abalado com a triste notícia da morte de seu pai,
Sr. João, no dia 13 de junho, vitimado por um câncer feroz no fígado.
Exerceu
o ministério diaconal em Congonhas, auxiliando o Pe. Geraldo Leocádio, na
Paróquia Nossa Senhora da Conceição, onde permaneceu ainda por seis meses,
servindo aquele povo de Deus como sacerdote. Foi ordenado Sacerdote no dia 22
de abril de 1995, permanecendo ainda seis meses na paróquia de Nossa Senhora da
Conceição, em Congonhas e, depois foi transferido como Pároco da paróquia de
São Gonçalo, em Catas Altas da Noruega. No dia 12 de novembro de 1996 foi
empossado como novo pároco, substituindo o famoso Pe. Luiz Pinheiro, que esteve
à frente da paróquia durante 47 ou 48 anos.
Em
Catas Altas da Noruega, manteve o legado de fé deixado pelo Pe. Luiz Pinheiro e,
além disso, com seu dinamismo e espírito de liderança, organizou diversos trabalhos,
dentre eles: instituiu o ministério extraordinário da eucaristia, organizou a
catequese, fundou diversas pastorais,
implantou a pastoral do dízimo após três anos de motivação, construiu várias
capelas nas comunidades da paróquia e várias casas para os mais necessitados em
sistema de mutirão, participando ativamente das construções. Além disso, por
incentivo e insistência sua, com o apoio de Dom Luciano, conseguiu levar o
segundo grau para a cidade, mesmo diante das objeções de algumas autoridades
que alegavam que a cidade não tinha estrutura física para tal. Inicialmente o
segundo grau começou a funcionar nas salas da casa paroquial, tendo-o como um
dos professores. Quando chegou em Catas Altas, sensibilizado com a situação da
mãe, Dona Virgínia, naquela ocasião viúva recente, convidou-a para morar com
ele. De lá pra cá, ela o tem acompanhado com sua presença carinhosa e maternal,
atuando ativamente em diversas atividades das paróquias por onde o seu filho
passa. Depois de seis anos e seis meses, a pedido de Dom Luciano, Pe. José
Eudes foi transferido para a Paróquia de Nossa Senhora do Rosário, em Rio Pomba
para substituir o Pe. Evaldo, falecido de modo repentino, ainda jovem.
Em
Rio Pomba, reformou a matriz de Nossa Senhora do Rosário, construiu várias
capelas e incentivou as pastorais e os movimentos já existentes. Deu aula de
ensino religioso no Colégio Regina Coeli, onde era muito estimado pelas
religiosas e pelos alunos. Exerceu o seu ministério em Rio Pomba durante pouco mais de sete anos e a pedido de Dom
Geraldo, foi transferido para a Paróquia de Santa Efigênia, onde se encontra
até este momento em que foi eleito bispo. Na paróquia Santa Efigênia deu muita
assistência aos pobres e doentes, visitou regularmente as casas de
recuperação; incrementou a festa de Corpus Christi; descentralizou as
celebrações da semana santa; valorizou os bairros mais periféricos. Por último,
organizou de modo brilhante esta grande semana missionária, marca que ficará eternamente
gravado no seu coração e no coração do povo desta paróquia.
Durante
o exercício do seu ministério, Pe. José Eudes assumiu várias funções
importantes. Foi coordenador da Pastoral da Juventude, antes mesmo de ser
ordenado diácono, cargo que exerceu por longos anos. Foi eleito, por duas
vezes, representante dos presbíteros da Arquidiocese de Mariana, cargo que
ocupa até o presente momento; foi eleito também vigário episcopal da Região Pastoral Mariana Norte, cargo que ocupa até este momento; a convite dos
formadores, atua como diretor espiritual do Seminário São José da Arquidiocese de Mariana, cargo que ocupa até o
presente momento; é membro do colégio de consultores e membro do Conselho episcopal.
Em conversas recentes com a mãe do
Monsenhor Eudes, Dona Virgínia, uma interpelação lhe veio aos lábios: Como um
filho de um pai de origem tão humilde (pai bananeiro e mãe lavadeira) pode ter
sido escolhido por Deus para ser bispo da Igreja? A resposta veio
imediatamente, iluminada pelas Escrituras: os desígnios de Deus são misteriosos
e insondáveis, pois “o que é loucura no mundo, Deus o escolheu para confundir
os sábios, e o que é fraqueza no mundo, Deus o escolheu para confundir o que é
forte” (I cor 1, 25- 27). Numa palavra: “Deus escolhe os que se consideram
fracos, para confundir os que se acham muito fortes”. É a lógica amorosa de
Deus, é o modo como Ele escolheu atuar no mundo. Somos testemunhas das inúmeras
qualidades que o Monsenhor José Eudes possui: seu zelo e dinamismo pastoral, o
seu relacionamento fraterno com os irmãos do presbitérios, a sua atenção aos
mais necessitados, a sua capacidade de relacionamento, o seu respeito pelas
devoções populares, a sua fé comprometida, a sua alegria inconfundível, o seu
entusiasmo nas celebrações dos sacramentos, a sua generosidade de coração, a
sua simplicidade de vida, o seu jeito amigo e carinhoso de tratar a todos.
Jesus Cristo considerou tudo isso mais do que suficiente para escolhê-lo como
legítimo sucessor dos apóstolos. Aproveitamos a ocasião para louvar e agradecer
a Deus por nos ter dado esta grande alegria de ter escolhido o pároco da nossa
paróquia para uma missão tão sublime. Mais uma vez, Deus olhou para a humildade
da nossa paróquia e fez surgir dele um sucessor dos Apóstolos. Bendito seja o
nome do Senhor, agora e para sempre!
Pe. Edmar José da Silva/ vigário
paroquial
Com a colaboração: Dona Virgínia, mãe
do recém- eleito.
Que Bênçãos. Amém a nós todos
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